domingo, 9 de fevereiro de 2014


Ando com um choro atrasado, uns três ou quatro dias sensivelmente. Enfureci-me, ouvi RATM até não poder mais, e depois fiquei à espera de chorar, mas o choro não veio. Pensei ludibriá-lo com a ajuda de um filme. Choro em quase todos, identifico-me sempre com esta ou aquela cena onde revejo sentimentos que eu própria já senti. Escolhi um filme com elevado potencial lacrimejante, mas ao fim de trinta minutos já dormia. A raiva afinal deixou-me entorpecida, vulnerável ao cansaço acumulado de todas as noites mal dormidas. O álcool tão pouco fez alguma coisa por estas lágrimas que insistem em não sair. Bebi, mas ao invés de chorar, sorri apenas. Abracei a minha amiga, e juntas sorrimos ante a imprevisibilidade do que nos vai acontecendo, e nem pela força do abraço sincero que me deu me venceu a vontade de (não) chorar. Então música, senhores. Os mais graves acordes, as delicodoces melodias, rimas arrastadas de amor, de despedida, de querer sem poder ter. 

Nada.

Zero. 

Nem uma lágrima que se pudesse ver. E ainda assim não o sinto reclamar. As costas não se prendem mais de ansiedade nem de dores camufladas, a sede não é mais incontrolável - sim, porque ninguém aguenta beber cinco litros de água num só dia - a melancolia não é mais senão um passageiro estado de espírito com pouco tempo para se acomodar. O corpo parece ter-se estranhamente habituado à não tristeza, a um conquistado e merecido optimismo. Mas quando voltarei afinal a chorar?

4 comentários:

  1. E agora que choraste... não sei se é bom ou não, mas vou arriscar-me perguntar: porquê?
    É mesmo uma aflição não conseguir chorar, é quando doí mais...
    E apesar de tudo vou encarar como algo positivo e dizer-te obrigada pelo comentário.

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  2. Sim muitas vezes é preciso ser forte para sorrir.
    Força :)

    Gostei muito do teu blog, por isso mesmo segui *-*
    Beijinhos *

    Obrigada pelo comentário! *

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