quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

photo @ Pedro Miguel Rodrigues 2014
PMRPHOTOGRAPHY

Há sonhos que já não se podem ter. Exemplo? Noutro dia, por uma fracção se segundos, pensei "quando tiver uma mãe, quero que ela se pareça com a Merryl Streep". Mas não, este não é o tipo de desejos que se pode mais ter, porque mãe há só uma, e a minha já não há mais. Há noites assim, que não chegam a passar de uma espera num banco vazio, cinzento esquecido numa estação de comboios. Nesta viagem não há bilhetes, nem de ida, nem de volta. Há tempos que se cruzam, vidas que se enlaçam, anos que passam e damos cada vez menos por eles. É boa a passagem do tempo, aprende-se a destilar melhor o que é bom do que não nos faz bem. A beber mais das alegrias, a sentir menos as saudades. Aprende-se que há pessoas que fazem valer os nossos dias. E que há concertos, fragmentos de músicas, que validam uma vida inteira, todos os segundos que congeminaram para que vivêssemos aquele momento. E assim ficamos, entrelaçadas uns nos outros, à espera que passe o próximo comboio, que chegue a próxima viagem. A vida pulsa-nos dentro.

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