sábado, 3 de janeiro de 2015



O cheiro do calor impregna o ar, o destilar dos poros relembra-nos o quão de carne e osso somos. Saímos agora da banheira branca onde nos despimos do sol e do sal, brancos e amarelos beijam-nos a vista enquanto insinuo a pele ao teu toque fugidio. Desprezas subtil a minha toalha molhada no chão molhado, peço-te ajuda com a loção e o cheiro da tua pela húmida desperta-me para a luminosidade que irradia este verão quente nesta casa de campo onde somos o mundo que nos rodeia e o quanto dele que nos cabe dentro. Repito o teu nome até onde mo permite a insensatez, intercalo-o com o meu enquanto os imprimo aos dois no branco destas paredes, nestes soalhos e pedras que pisamos descalços e perdidos de amores. A memória faz desta casa a mais feliz de todas as casas, e a mais triste quando tenho que a deixar. Triangulas a existência até onde o nosso entendimento a alcança, e tudo o resto é opacidade. 

A simbiose perfeita entre nada e coisa nenhuma.

Sem comentários:

Enviar um comentário