quarta-feira, 3 de junho de 2015




Não quero viver numa casa em tons pastel, com toques subtis a cada esquina nem recantos de onde não quero sair nunca. Não quero viver numa casa amarela, cheia de sol para me alimentar a alma de coisas boas e esperanças concretizadas. Não quero viver numa casa azul, de mar e céu onde me posso perder sem nunca ter de fugir de mim nem dos outros. Não quero viver numa casa branca, onde reine a quietude e a certeza da paz conquistada. Não quero viver numa casa vermelha, cheia de amor e de promessas cumpridas. Não quero viver numa casa laranja, cheia de sorrisos e de crianças eufóricas em constante correria.

Não.

Quero tão só e apenas viver numa casa sem tecto nem chão nem paredes nem cores. Uma casa erguida de beijos e pintada de abraços teus, de ternuras infinitas e afectos desmedidos e paixão a perder de vista. Uma casa onde não falte nem sol nem mar nem céu nem paz para nos embalar nas noites melosas da Primavera, nas tardes preguiçosas do Outono. E se do alpendre dessa casa a minha vista puder alcançar os campos e o mar e o quanto de amor que neles cabe, saberei então que olhando para ti me vejo a mim, e que em olhares para mim te achas a ti. E que quem dessas riquezas se alimenta e vive, de bem algum precisa para ser completo e uno.

Assim sonhei um dia, todos os dias.

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