sexta-feira, 12 de julho de 2013

Olhos

Pele

Cheiro

Reviras os olhos como quem simula impaciência, como se não te fosse saber bem o tempo que tens pela frente. Sério, fixa-los nos meus olhos, porque sabes que só isso me desarma. Porque quanto tudo o resto falha, sabes bem que te basta inclinar a cabeça, dirigi-los na direcção dos meus, e não há defesas nem máscaras que me socorram.

Deitas-te de lado ao meu lado, a cabeça apoiada numa mão, enquanto a outra irrequieta me viaja pelas costas, impaciente, aflita, sequiosa, perscrutando cada centímetro de pele sem cerimónia nem parcimónia. A tua pele toca a minha, e até o mais ínfimo pêlo do meu braço se eriça em contemplação, antevendo o cerimonial por acontecer.

Derrotada, viro-te costas. É incomportável o magnetismo que o teu olhar imprime ao meu, que a tua pele entrega à minha. Mas o cheiro da tua pele lavada não estava nos meus planos. E se ingénua julguei que assim se acalmariam os ânimos, rapidamente me desengano, para desvairada procurar o teu odor frenético, estímulo tão ou mais fatal quanto os teus olhos ou a tua pele.

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