photo @ JP.Fernandes notaloneinmybrain |
Acendo mais um cigarro enquanto penso em ti mais uma vez e no contraste intrigante que é o meu corpo e o teu emaranhados um no outro. Tenho o teu
cheiro entranhado na pele e por muitas voltas que dê, não consigo sentir o
cheiro que é o meu. Só o teu, denso e calcado fundo. Nem o fumo do cigarro que
se desfaz entre os meus dedos se lhe sobrepõe, qual soberania de odores à qual
não consigo ficar imune.
As palavras que te colocaram na boca, despeja-las com
mestria em cada ponto do meu pescoço, ponto de partida indelével para os
centímetros mais que se adivinham. Ciente dessa falsa magia em que julgas que
me envolves, visto-me de ingenuidade enquanto me despes subtil e obstinada,
numa delicadeza que só os corpos tinge, sem nunca chegar a ameaçar
verdadeiramente os sentimentos. De pedra revesti as batidas, o sangue, as
artérias e todos os componentes do coração que tenho dentro. Um intrincado
sistema de defesa, difícil de desarmar, impossível de ludibriar, mas cheio de
falhas na iminência de explodirem nas mãos de quem as ousar perscrutar.
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