segunda-feira, 7 de outubro de 2013

photo @ JP.Fernandes notaloneinmybrain
Acendo mais um cigarro enquanto penso em ti mais uma vez e no contraste intrigante que é o meu corpo e o teu emaranhados um no outro. Tenho o teu cheiro entranhado na pele e por muitas voltas que dê, não consigo sentir o cheiro que é o meu. Só o teu, denso e calcado fundo. Nem o fumo do cigarro que se desfaz entre os meus dedos se lhe sobrepõe, qual soberania de odores à qual não consigo ficar imune.


As palavras que te colocaram na boca, despeja-las com mestria em cada ponto do meu pescoço, ponto de partida indelével para os centímetros mais que se adivinham. Ciente dessa falsa magia em que julgas que me envolves, visto-me de ingenuidade enquanto me despes subtil e obstinada, numa delicadeza que só os corpos tinge, sem nunca chegar a ameaçar verdadeiramente os sentimentos. De pedra revesti as batidas, o sangue, as artérias e todos os componentes do coração que tenho dentro. Um intrincado sistema de defesa, difícil de desarmar, impossível de ludibriar, mas cheio de falhas na iminência de explodirem nas mãos de quem as ousar perscrutar

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