quarta-feira, 6 de novembro de 2013



O maior passo que dei de forma significativa rumo ao que tenho dentro, foi no dia em que percebi que o meu enorme iceberg ainda estava com apenas 10% de massa à superfície. E toda a gente sabe que os icebergs são um perigo constante à navegação. Mas o erro que cometi logo a seguir e até há bem pouco, foi o de achar que os restantes 90% iam deixar de estar submersos rapidamente.

Errada, claro está.

A chamada ponta do iceberg é mais aguçada do que o desejado, mais do que gosto de admitir. E agora, é deixar fluir um degelo lento, mas progressivo, pois que um dia chegará em que não serei mais gelo, nem 10% de fachada e 90% de verdades ocultas. O passado pesa. Pesa muito, porra. E vem-nos de dentro, de cada órgão, de cada gota de sangue, viral e perigoso, para nos consumir se assim o deixarmos. Não quero explodir-me um dia nas mãos, quero levar-me devagar do presente ao futuro, onde um tempo virá em que será tranquila a existência de um passado. E aí não serei mais réstia de gelo, senão água que corre limpa, rápida, cristalina. 

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