domingo, 5 de janeiro de 2014

Dispensa, keep closed



Um cigarro queimava nervoso numa mão, na outra esquecia-se um Porto aquecido à força do calor humano que enchia o tosco bar da Mouraria. O ano mal começou, e já estamos novamente a falar em despedidas. Cravam-se-me os olhos no amarelecido que a parede oferece, embrutecida do tabaco e dos anos, numa vã tentativa de abstracção de mais um adeus, até já, adorei estes dias, volta em Setembro, vou tentar, não sei, os festivais (outra vez, a vida repete-se tanto).

É a primeira deste ano, podia ser a última de umas duas ou três do ano anterior. A verdade é que as despedidas já não fortalecem nem destroem. Já fazem parte. Porque ainda há pessoas que as distâncias não têm a força de nos roubar, a ousadia de pôr à prova a tenacidade com que nos gostamos. 

Das muitas vezes que a vida me colocou entre um olá e um até (nunca) mais, entre um agora e um não se sabe se mais alguma vez, esta é sempre a mais agridoce dessas vezes. Meses podem passar sem saber de ti, se estás feliz ou se seguras o coração nas mãos, mas sei que quando te revejo, de alegria me encho sempre, porque há amizades assim, que perduram no matter what, e a tua é inquestionavelmente uma delas. 

x x x 

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